Trocar efeitos de visão, ambos serem matéria concentrada do olho-entorno. Mas aqui situamos um narrador, aquele que conta uma ação sobre algo, e sua imagem toda serrilhada de sinapses, sensações que parecem que dão até arrepios em quem emite.
O que acontece quando procuramos o que não achamos? Não é somente a fuga, a falta de respostas. Um narrador precisa decifrar suas imagens, elas precisam ter receptores que encaixem na sua rede de quebra-cabeças. O que procura? Mas o objeto que procura também é seu desejo, que recebe estímulos de trocentas imagens por raios afora.
Diríamos que há uma poluição de imagens sem seu devido reconhecimento? Estas incitações, diríamos filosóficas, encontrei no livro Testemunho ocular, do escritor Eduardo A. A. Almeida, editora Lamparina Luminosa. São textos cujo arcabouço teórico investigam relações de causa e efeito das sondagens pelo que têm dentro de ações muitas vezes engendradas por enganos, cuja refração enganosa da imagem nos ofusca tal entendimento.
Se a paranoia é um delírio de uma imagem fabricada por uma fuga do real, inventamos narrativas para indexar o real de pura fantasia, assim como o medo de um urubu no conto Rapinagem, pode ter algum trauma oculto sob a ofensa da sua pulsão de morte. É como uma corrida atrás de algo como o pote de arco-íris atrás da montanha. E se este ideário fosse apenas um efeito de contraluz do que tem de estranho, oculto familiar, pela abordagem, aquele mesmo do caminho trilhado pelos arquétipos narrativos, um desejo, às vezes, é apenas seu medo camuflado.