quarta-feira, 23 de março de 2016
ORGULHO FERIDO
O C-47 que eu pilotava foi interceptado com a comporta aberta, a 37ª infantaria paraquedista saltando para trás das linhas inimigas, ponto-chave na reconquista do litoral norte francês.
– O que você está fazendo?
Não precisei tirar os olhos dos caças que perfuraram a fuselagem; eu reconhecia a voz de vovô pelo sotaque alemão, que meu pai não herdara.
– Brincando de guerra! –, respondi.
– De quem ganhou esse aviãozinho? –, quis saber ele. Nenhum detalhe escapava à revista.
– Do seu Vittorio.
Distração é morte certa, soldado! A missão foi retomada assim que ouvi o clique da fechadura.
Dias depois, encontrei outra miniatura estacionada no aeroporto, sobre a cômoda de meu quarto, lado a lado com o C-47. Havia também um bilhete de vovô, que dizia apenas: "Pilote este Junker 52 da Luftwaffe. É melhor que seu yank".