"Nossas memórias e planos, nosso passado e possibilidades
de futuro, existem na concretude de nossos
corpos e de nossas ações. O corpo mais que todo, a se
ultrapassar como ação orgânica e histórica, parte de
um mundo-ação. Corpo não identitário, impossibilitado
de isolar-se em um “si mesmo”. (...) Corpo-no-mundo, memória
concreta do passado todo superfície, colapsado no
presente, de onde se atualizam novas ações, as quais
são o futuro no agora, a concretude do vir-a-ser."
"Erigimos então, com a subjetividade, um campo todo
superfície, formado apenas pelas contingências, pelas
predicações em constante movimentação verbal, tudo
ocorre, acontece. Existimos, então, em um mundoexpressão,
no qual vagamos-expressamos, impelidos
por nossas forças em arranjo. E, assim, nos vamos implicando
com as demais expressões, as quais jamais são
as próprias, mas a criação de um encontro."
"Subjetivação, diferenciação da diferença que não está
constituída em algo, mas que está sempre se afirmando
na força de uma ação, em um processo de agenciamento
de práticas, em atravessamentos os quais, no seu encontro
fluido, expressam o que denominamos indivíduo.
E, aqui, indivíduo não significa mais o que não
pode ser dividido em si, por constituir uma unidade
fundamental do ser (identidade); mas sim, o que não
pode ser dividido do que lhe envolve, do que o envolveu,
enfim, de suas implicações."
"O corpo é uma pluralidade de vontades
de potência em conexão com os fluxos de forças do
mundo em uma alternância de arranjos, sem uma
essência por trás das forças, pois, estas mesmas são o
ser. Corpo-rizoma, não completamente dividuado do
mundo, diferencia-se a si e ao mundo, transformandoos.
Corpo que não nega ou aparta sua subjetividade,
mas sim, afirma sua singularidade móvel e sua parcialidade
perspectivista."
"O corpo é abertura para o mundo – e
não fechamento. Ao invés de nos separar do mundo,
ele nos permite fazer parte dele: o habitar, o impressionar
e impor nossa existência que é uma existência
conectada."
"Subjetividade, não no sentido
de referente a aquilo que é particular a um “si
mesmo”, mas sim, subjetividade enquanto tentativa
de apreender aquelas linhas fugidias que transpassam
e constituem os fluxos produtores do nosso mundo
vivido. Aquilo que é menor e mutável, que se encontra
invisibilizado por representações gerais, tampões
da diversidade, como as definições de normal e patológico."
Trechos colhidos em DA DIVERSIDADE: UMA DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE SUBJETIVIDADE, de Luis Artur Costa e Tania Mara Galli Fonseca
Leia o artigo completo aqui: Revista Interamericana de Psicologia, vol. 42, n. 3