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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

GAME OVER, MARTA SUPLICY

Parece que a ministra Marta Suplicy confunde cultura com boa vontade. Ou videogame com tranquilizante, porque "deixa a criança quieta". Ou parece que entretenimento e cultura não podem coincidir. Difícil saber. É mais provável que ela apenas tenha dito outra porção de bobagens, o que não surpreende.

O videogame chegou ao MoMA, em Nova York, onde está fomentado debates. Curiosamente, lá ele é um fenômeno cultural.

Eu diria que aprendi muito jogando, quando podia dedicar mais tempo a isso. Sinto saudade. Mas é lógico que minha experiência pessoal não conta. O que vale a pena notar é o fenômeno cultural promovido pelo videogame, que transformou comportamentos e até mesmo a maneira como os jovens lidam com informação, entretenimento, design, arte, história... Tem muita gente talentosa trabalhando com isso, produzindo não apenas "joguinhos", mas ficção de alto nível.

No Brasil, os games permanecem banidos do programa Vale Cultura, a não ser que alguém explique para nossa ministra o que eles têm de culturais – ou que haja "boa vontade" dos desenvolvedores, seja lá o que isso signifique.

O trecho do debate (abaixo) foi originalmente publicado aqui:

Francisco Tupy – “O que o ecossistema que trabalha com jogos digitais, pesquisadores, desenvolvedores, professores etc. pode esperar do Vale Cultura?”

Marta Suplicy – “No caso dos jogos digitais, o assunto ainda não foi aprofundado o suficiente, mas eu acho que eu seria contra. Eu não acho que jogos digitais sejam cultura […]. Mas a portaria é flexível. Na hora em que vocês conseguirem apresentar alguma coisa que seja considerada arte ou cultura, eu acho que pode ser revisto. No momento o que eu vejo é outro tipo de jogo. Encaminhem para o ministério as sugestões que vocês estão fazendo. Eu tenho certeza que talvez vocês consigam fazer alguma coisa cultural. Mas, por enquanto, o que nós temos acesso, não credencia o jogo como cultura. O que tem hoje na praça, que a gente conhece (eu posso também não conhecer tanto!) não é cultura; é entretenimento, pode desenvolver raciocínio, pode deixar a criança quieta, pode trazer lazer para o adulto, mas cultura não é! Boa vontade não existe, então, vocês vão ter que apresentar alguma coisa muito boa”.