As telas de pequena dimensão acompanham o trabalho de Felipe Góes desde sempre. São quase um projeto paralelo. Entretanto, talvez devido à expectativa do público e das galerias, elas raramente ganham espaço de exibição.
Reunimos aqui cerca de 10 dessas pinturas que, como explica o artista, não são esboços – quer dizer, o objetivo delas não é planejar para depois ampliar. São experimentos. Justamente por não enfrentarem a pretensão das pinturas monumentais, elas permitem que Felipe voe mais alto, arriscando-se sem medo de errar. Nelas, seus pensamentos ficam registrados durante a formação, enquanto ele ainda não sabe aonde pode chegar.
Por conta disso, as telas pequenas revelam um artista mais fresco, livre, instintivo; ocupam um papel importante em seu processo criativo, embora não ostentem qualquer título de nobreza. São segredos de bastidores.
São cartões postais: registros de experiências visuais, plásticas e estéticas, recortadas de um contexto complexo para destacarem um ponto de atenção.
Também são obras em si mesmas, ou seja, adquiriram autonomia na produção de Felipe e caminham com seus próprios pés. Por conta disso, possibilitam outras reflexões, em especial no que diz respeito ao espaço expositivo e ao tempo de olhar do visitante.
Nesse sentido, o Museu de Arte de Goiânia não poderia ser mais apropriado: seu amplo salão desmistifica o paradigma da proporção. Acrescentamos aí a questão do alinhamento feito com prumo e esquadro; pois, deslocando as telas do nível do horizonte – eixo de equilíbrio herdado de séculos de tradição museológica –, fazemos o visitante mover o corpo, e não apenas os olhos, para observá-las, ampliando a sensorialidade proporcionada pela tinta sobre tela.
As paisagens retratadas nesses cartões postais saltam da tela e acabam se revelando no ambiente, nas pessoas ao redor, na cidade e também dentro de nós mesmos. São excertos que carregamos conosco quando voltamos de uma viagem pictórica, que compõem nosso álbum de imagens, nosso diário de bordo. Experiência marcante.
Leia mais sobre a exposição de Felipe Góes no Museu de Arte de Goiânia aqui: Grandiosidade não se mede com régua e Imagem lenta, mundo veloz