quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
ESQUISITICES DA ARTE
Juízo Final (1534-1541), de Michelangelo (detalhe)
De vez em quando a gente se depara com uns capítulos à parte da História da Arte – obras e situações que parecem não combinar com o período ou com o currículo do próprio autor. No entanto, elas existem e isso não se pode negar. Talvez esses capítulos tenham sido censurados ao longo do tempo, no sentido de se construir uma história linear e fácil de ser compreendida. A explicação me parece plausível.
Um exemplo: enquanto Michelangelo pintava o Juízo Final na Capela Sistina, Giuseppe Arcimboldo compunha retratos juntando legumes, frutas e verduras. É verdade que o Juízo Final foi bastante subversivo na época, principalmente por causa da nudez dos personagens, que depois foi coberta com folhas de parreira e panos a mando do Papa. Porém, também é verdade que o Juízo Final é muito mais fácil de se incluir na história do que as esquisitices de Arcimboldo, que permaneceram praticamente ignoradas até o século XX.
Vertemnus (1591), de Giuseppe Arcimboldo
Outra obra que me chamou a atenção foi o Bacanal Infantil II, de Nicolas Poussin. Entre pinturas de temática religiosa como o batismo de Cristo, a adoração do bezerro de ouro e a anunciação, o artista realizou uma obra bastante peculiar, em que crianças protagonizam uma festança regada a sexo e drogas. Só faltou mesmo o bom e velho rock 'n roll. Mas aí seria esquisitice demais.
Bacanal infantil II (1629-1630), de Nicolas Poussin