Hoje, estivemos falando da Monalisa. Pobre mulher, sempre vira assunto, seja na sala de aula, seja na mesa do bar. Falamos bem, falamos mal, falamos dela. Concluímos que está morta. É verdade, não lhe contaram? Morreu e agora se encontra em um esquife blindado, inacessível a todos os olhos, inclusive aos mais exigentes.
Ou melhor, acho que foi embalsamada. Pois tem gente que ainda passa por ela, insiste, acotovela-se para tirar uma foto às escondidas, sem chamar a atenção dos seguranças. Puro fetiche. A Monalisa, entendida como obra de arte, está morta. Virou informação.
Há algo de misterioso nessa tragédia, algo de muito suspeito: se a pintura – fisicamente falando – pereceu, a imagem continua viva. Não se chega a ela, é verdade, não se pode tocá-la ou experimentá-la tal como foi criada para ser. A Monalisa de hoje é um conceito, um ideal platônico que jamais será alcançado.
Sua imagem, porém, virou ícone da arte. Não só da história, mas da arte como um todo. Basta ver seu sorrisinho irônico estampando um texto para saber do que se trata. Sim, falamos de arte e, como deu para perceber, é impossível ignorar a onipresente Momô.
Ela está em todas.